terça-feira, 6 de outubro de 2020

Hoje não falarei de flores.















Hoje? Não quero falar de poesia, não posso recitar a alegria, hoje, é um dia inteiro de dor, desespero, pavor, onde a “força” vence a sensibilidade, o ódio vence a beleza, a brutalidade vence a vaidade feminina, o desrespeito vence os sonhos de menina, mulher.

Hoje? Não quero fala de poema, quero expor um problema que atinge todas nós, hoje não haverá soneto ou poesia, pois cada uma que se vai, tão cheia de si, porém de justiça, tão vazia.

Hoje? Não quero falar de felicidade, pois meu grito é a liberdade, pois não podemos ser felizes sem poder escolher ser...

Hoje não quero falar de flores;

Não posso falar do jardim, pois não ha mais margaridas ou Jasmim, se foram sem despedidas, já não tem a beleza das Orquídeas azuis, ou das Hortênsias coloridas.

Apagaram as cores das Éricas, derramaram o perfume das Rosas, violaram as Julianas, ceifaram as Marianas, feriu de morte, a Thays a Dayara, Adaléia.  E o adeus de Jaqueline?

Hoje não quero falar de flores, elas são de despedias.

Oh, que triste és este jardim sem suas flores exuberantes, sem o aroma da Leuda, Nayze, Tália, Maria Leila, Célia, o amor da Dayara.

 Quantas Marias e Joanas? Quanta saudade das Anas.  Infelizmente, hoje não posso falar de poesia, nem mesmo de alegria, pois não tem poesia sem amor, pois, todo amor vira poesia, mas, toda violência transforma-se em dor...

Hoje não quero falar de flores, pois apenas queriam amores perfumados. [...]

Hoje não quero falar de flores, nem de amores amordaçados. [...]

Hoje quero apenas gritar, socorro. [...]


(O poema cita nomes de mulheres vítimas de feminicídios no Maranhão)



Márcia Castelo Branco


Casos de feminicídios aumentam no Maranhão durante período de Pandemia.

Dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que houve um aumento de 22% nos registros de casos de feminicídios no Brasil durante a pandemia do novo corona vírus, o Maranhão está acima da média nacional. Segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA). O Estado possui 1,4 mortes para cada 100 mil mulheres, número acima da média nacional que registrou 1,2. O Maranhão obteve uma alta no número de feminicídios registrados em 2019, uma crescente quando comparado ao ano de 2018 que segundo o Ministério Publico do Maranhão o registro foi de 43 feminicídios. Em 2019 foram 133 feminicídios, um aumento significante com relação ao ano anterior. Esse aumento preocupa as autoridades, uma vez que, o ano de 2020 ainda não terminou e o Estado apresenta 147 feminicídios registrados, segundo fontes do G1 Maranhão.

Durante o período de Pandemia esse problema vem agravando em todo o País, uma vez que vários fatores implicam nas condições sociais das vitimas, como o confinamento doméstico, o desemprego, a redução na renda familiar, à dificuldade em pedir ajuda e o convívio diário com o agressor, as limitações de liberdade econômicas também é um fator que deixa essas mulheres ainda mais vulneráveis à violência doméstica,

Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 12 Estados aponta que, o Maranhão sofre um aumento de 166,7% ficando atrás apenas do Estado do Acre, com um aumento 300% no número de casos de feminicídios.

Diante de números tão expressivos de violência contra a mulher, a sensação que reina é a da insegurança, pois mesmo com as mudanças na Lei Maria da Penha, ou com a aprovação da Lei dos Feminicídios, sancionada em março de 2015, crime que qualifica o assassinato quando a mulher é morta por questões de gênero, vem crescendo em uma proporção nuca vista antes, esse problema atinge todas as esferas da sociedade. Acredita-se que é importante a concentração de planos e soluções que sejam eficazes no combate a violência doméstica, aumentar à rede de proteção a mulher, focar na mudança de cultura do agressor, falar sobre violência contra a mulher nas escolas ou em grupos sociais com o objetivo de formação de conduta cidadã, conscientizar à sociedade em contribuir para essa proteção, tudo isso pode surtir muito mais efeitos que apenas punir o agressor, uma vez que uma vida perdida é irreversível, os danos à família, filhos e amigos são irreparáveis.

É importante que a mulher seja participante pontual contra a violência, uma vez que existem muitos projetos de apoio, programas de proteção e delegacias especializadas que podem contribuir a conscientização, a união o fortalecimento da mulher pode ajudar muito na redução de feminicídios em nosso País, que hoje vergonhosamente ocupa o 5º lugar no ranking dos países que mais matam mulheres no mundo no contexto doméstico e familiar.  

“Unidas somos mais fortes, não tenham medo de denunciar, quando uma mulher sofre violência todas nós somos vítimas”. Denuncie, peça ajuda! Ligue 180.


 

Fontes:

O Ministério Público do Maranhão
G1 Maranhão
Agência Senado
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/01/numero-de-casos-de-feminicidio-no-brasil-cresce-22-durante-a-pandemia.
 

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