Os jardins de Isabel

Os jardins de Isabel Ela conhece o segredo das plantas e há uma cumplicidade serena entre ela e o seu jardim. Sabe contar a origem de cada mudinha: como a adquiriu, que idade tem e os detalhes da espécie. 

As crianças ficam encantadas quando entram naquele lugar de magia verde; há uma enorme dificuldade de suas mães em tirá-las de lá. É compreensível, pois os raios do sol que refletem nas flores multicolores e nas verdes folhas das pequenas ou grandes árvores e plantas transmitem uma leveza que seduzem e acalmam a criançada. 

É lá que ela gosta de passar a maior parte de seu tempo, dedicando-se ao processo de plantar, regar, cuidar e distribuir afeto, porque não há jardins que prosperem sem água e sem amor. A comunhão entre um ser humano e o cultivo de um jardim é um dom que se realiza como se fosse um ritual sagrado. No contato com o jardim, a mulher de sorriso largo e de coração solidário renova as suas forças para continuar vencendo as adversidades que a vida lhe traz. A energia que emana da simplicidade ou da exuberância das rosas é um alimento para sua alma nos momentos de sofreguidão.

Isabel coleciona flores e de brinde recebe a constante visita das borboletas, tais como aquelas descritas por Vinícius de Moraes ou por Cecília Meireles, e dos passarinhos, os quais cantam e voam alegremente sobre as árvores todas as manhãs. Há riqueza maior que esta? 

Além desse jardim que é lavrado em terra, ela semeia, também, no solo do coração. As flores que brotam dentro dela nos são presenteadas com a sua existência. As espécies são muitas: fé, sabedoria, bondade, lealdade, esperança, garra, dignidade...amor ao próximo. 

O que temos plantando? O que temos colhido? O que temos doado ao próximo? O mundo seria melhor se as pessoas aprendessem com esses jardins. 

 

Rute Santos