quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O ADEUS AO PATRIARCA - IGREJA CATÓLICA BRASILEIRA

Por Padre Alves Damasceno(*)

A morte do nosso inesquecível Patriarca, conquanto nos encha de saudade, também nos anima a acreditar, muito mais, nos desígnios de Deus, no que pertine ao fortalecimento da fé. E seu adeus nos comove e ensina. Quem sabe, ele não é a última lição que Dom Luiz Fernando Castillo Mendez nos deixa, excelente mestre que sempre foi, em vida? Sim, a última lição, plena de humildade e fé. Uma lição de vida, de dedicação e de amor.

Ele, ao que me parece, mesmo morto, como Sócrates nos ensina ser, a morte, "o dom que nos livra do mal da vida". E vai mais além, fazendo coro com o sublime Platão, ao mostrar que o "o espírito, prisioneiro da caverna do corpo, deve transpor este mundo e libertar-se para realizar o seu fim, que é chegar à contemplação do inteligível, até o qual é atraído por um amor nostálgico". Isso é a mais pura verdade, eis que somente a alma conhece o mundo ideal e, neste, ele agora está, com toda certeza, abençoando-nos.

O magnífico São Cipriano assegura uma verdade, em tudo universal por ser de universal consenso:" A única diferença existente entre quem partiu e quem ficou é que, os que partiram foram primeiro". Demais disso, a alma tem sede do absoluto é, este não é deste mundo.

Somos alma, sobretudo. E como bem coloca Victor Hugo, "daremos ao túmulo, não o nosso Eu, o nosso Ser. Estes, irão além, sem dúvida alguma".

Certa vez, ao entrevistar o também - e muito - saudoso Dom Helder Pessoa Câmara, lá em Recife, ele me revelou uma frase que muito marcou sua vida e lhe fora dita pelo então Cardeal Giovanne Baptista Montini (depois, Paulo VI): "Há momentos na vida que é preciso morrer, totalmente, em Cristo, para ressuscitar, com Ele em uma vida nova".

Foi isso que o velho Patriarca fez. Partiu, morreu em Cristo, passou para uma vida nova e que não mais passará, deixando-nos lições as mais variadas do seu amor à Igreja, de sua acuidade privilegiada, de sua luta em prol da consolidação dos ideais de Dom Carlos Duarte Costa, de quem recebeu a sucessão apostólica. Lições do seu modo de ser, de administrar e saber viver, de construir e amar tudo quanto fazia. Lições de sua dedicação, em tempo integral, à causa de Jesus Cristo, ao crescimento e à afirmação da Igreja.

Caminhando ao lado de pessoas e coisas de verdade, ele soube plenificar-se no amor e fez do essencial a sua vida, a todos nós mostrando que só o essencial faz a vida valer a pena. Com efeito, desde que recorramos à poética de Fernando Pessoa, para Dom Luiz tudo valeu a pena, eis que a sua alma jamais foi pequena.

Seguidor - quem sabe? - de Mário de Andrade, o querido Patriarca soube rir dos seus tropeços e nunca se encantou com os seus triunfos. Lembro-me bem de que ele jamais se considerou como um alguém antes da hora e nem fugiu de sua mortalidade, demonstrando, todo instante, que apenas desejava viver ao lado de Deus, o que, de fato, fez em vida. Homem de oração e do terço, foi mestre e irmão, um pai amoroso, líder nato e amigo. E a sua partida leva-me a refletir com o autor de "Os Miseráveis- : "Na morte, o homem acaba e a alma começa". Sim, porque a morte não é o fim de tudo, senão e término de uma coisa e o começo da outra.

Partiu o nosso Eterno Patriarca. Sua lembrança estará, para sempre, viva e atual na Diocese de Maceió. Jamais será olvidada por todos nós que sempre tanto o admiramos.

A ele devo a minha Ordenação sacerdotal ocorrida há longos 38 anos. Foi ele quem pediu ao tão caro e saudoso Dom Sátiro Vilela que me ordenasse Diácono e Presbítero. Agora, ambos estão juntos na eternidade.

Foi embora para a Passárgada eterna... Lá estão os seus familiares e amigos. Lá, como no poema, ele é amigo do Rei, desse rei que é o nosso Pai a quem serviu durante toda sua vida e pelo qual foi recebido de braços abertos como um filho pródigo.

Lá, ele viverá, para sempre, a vida que jamais passará e é prometido pelo próprio Jesus Cristo a todos que se fizeram, dela, dignos pela fé: a vida eterna.
Foi embora, o nosso querido Patriarca...
Dele, haveremos de lembrar, sempre.
Com respeito, com afeto e com saudade.

*Padre José Alves Damasceno é Jornalista, Decano do Presbitério da Diocese de Maceió.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Setembro Amarelo: uma campanha pela vida

Hoje, nós   vamos   falar de amor, de alegria e de vida!      O mês de setembro é o mesmo das flores, as quais   nos   remetem à metáfor...