Os três últimos anos do século XXI têm sido de retrocessos e pavores. De forma
sutil, ideias absurdas passaram a ser propagadas e absorvidas rapidamente. O
avanço tecnológico desenvolvido para os meios digitais de comunicação não nos
trouxera apenas mudanças positivas. Relembremo-nos que na História Geral
todas as inovações já lançadas, em inúmeros momentos, foram usadas para
fazerem o mal; desde a descoberta do fogo à criação do avião.
A diferença é que agora essa nuvem de crueldade chega numa velocidade muito
maior por meio das redes “antissociais”. A arma usada é o discurso, aquele que
fere e mata feito a bomba de Hiroshima, porque as consequências afetam até
futuras gerações. De repente, sem pedir-nos licença, os discursos de ódio
invadiram os nossos celulares e computadores. O que mais assusta é a
aceitabilidade e a credibilidade com que tais discursos são recebidos e
repassados pelas pessoas.
Valores éticos tão simples de serem praticados foram violados, a exemplo do
respeito e da tolerância. O diálogo moderado e comedido tornou-se escasso, a
maioria das pessoas preferem ir para as redes escancarar seus desafetos ou
desacordos. O objetivo não é resolver problemas, mas expor e agredir
reputações. Por vezes, situações que poderiam ser tranquilizadas com um
telefonema pessoal geram um conflito virtualmente coletivo.
A ciência passou a ser contestada por leigos empiristas; a filosofia agora é
ignorada; a Educação passou a ser insultada; os servidores públicos passaram
a ser vistos como vilões; a religião tem sido a nascente das discórdias; a
corrupção política mudou de nome, agora é uma organização familiar; direitos
adquiridos há anos e por meio de muitas lutas estão fragilizados; a morte pelo
Corona vírus é vista com naturalidade e desumanidade; e em nome de Deus e
das boas tradições pratica-se todo tipo de atrocidades com as classes
minoritárias, as quais variam de uma agressão verbal à morte.
Não é difícil pintar a tela do atual cenário do século XXI, as cores cinza e
vermelha seriam suficientes para representar o medo, a violência, a dor e o
sangue derramado. Levantemos as nossas mãos e gritemos: “Pai, afasta de mim
este cálice”. A luta pela mudança desse cenário desastroso precisa ser intensa.
Bem vindos à Nova Idade Média, vamos vestir a armadura da dignidade e do
amor para combater a desigualdade e o ódio.
Rute Santos
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