Um novo dia é sempre uma página em branco que vamos escrever no livro da VIDA... antes, toda manhã eu me pegava refletindo se o tempo ia dar ou não pra tudo que já trazia planejado, indagando-me se estava preparada o suficiente para os tais imprevistos, caso surgissem.
Este ano, atípico e diferente de tudo o que
vivi nestes 65 anos de vida, me fez perceber que além de não ser dona do tempo,
ainda estava escrava dele... boa parte da vida adulta passei numa quase
'imposição' de estar sempre ocupada, trabalhar todos os dias até muito tarde,
fazer cursos e mais cursos, tirar tempo pros filhos somente após o expediente,
cuidar da casa, família e igreja, além de muitas obrigações, nos finais de
semana ou no período das férias. Relaxar? Se desse, umas duas ou três vezes ao
ano ou quando tivesse tempo. E pensar que a maior parte dos livros que lia,
usava o banheiro, pra não perder tempo!
Aí chegou a COVID19 e pôs uma basta nisso! A
doença, a impossibilidade de deslocamento, a reclusão forçada, o isolamento dos
familiares mais próximos e, por fim, a perda do companheiro de 36 anos, fizeram
questionar-me sobre as reais prioridades da vida. Por quê corri tanto? Pra quê
essa pressa toda? Confesso-me decepcionada comigo mesma, além de cansada.
Deveria ter tirado mais tempo pra mim, pro marido, pros filhos. Ter dormido
melhor, brincado com eles, usado meu sagrado direito do descanso e dedicado
tempo suficiente pra mim e pra eles!
Enfrentar essa mudança toda está sendo
difícil, particularmente neste momento, em que me sinto fragilizada e estou
muito só. Talvez nada mais seja como antes ou, como pensam muitos, se acabe
esquecendo desse ano, apagando-o da memória, e volte tudo à estaca zero, na
correria de sempre. Não há como prever o futuro. Quanto à mim, espero preservar
este sentimento de mudança, que já comecei a praticar... pra tornar mais leves
os dias que me restam!
Isabel Tessmer
Nenhum comentário:
Postar um comentário