Analisar a efemeridade do tempo e da vida parece algo clichê, pois todos
sabem que "o tempo não para", como cantou Cazuza. Entretanto, uma reflexão
crítica sobre o tempo nestes nossos dias tão conflituosos de pandemia e,
paradoxalmente, tão ligeiros e lentos faz-se necessário constantemente.
Talvez você já tenha se perguntado por que tem estado tão desanimado para
fazer coisas tão simples, as quais sempre quis fazer e não fazia por falta de
tempo. Agora você tem mais tempo, há meses trabalhando ou estudando de
forma remota é possível organizar sua própria agenda, de forma que sobre
mais tempo para dar atenção à família, ao amor de sua vida, às plantas, aos
bichos de estimação; ler aqueles livros que você separou na estante; assistir
àquela série indicada por um amigo; ligar para um parente ou amigo distante;
escrever um texto, criar uma rima... Enfim, fazer o que você mais desejava,
mas não fazia por falta do precioso tempo em seu lar. A rotina do dia a dia te
impedia até de sentar-se à mesa para alimentar-se. Comia em pé, apressado,
por medo de chegar atrasado.
Este é um momento histórico em nossas vidas: "temos todo tempo do mundo",
como compôs Renato Russo. Todavia estamos sem ânimo; ao mesmo tempo
em que temos esse tempo, nos falta vontade para tirar proveito dele. Nas
primeiras semanas de pandemia você quis dormir o sono dos justos, ficou
eufórico, fez planos para resolver pendências domésticas ou pessoais, porém
os conflitos advindos dessa doença sem cura que interrompeu a vida de
milhares de pessoas, do medo de contrair o vírus e do caos político que se
instaurou no país te fizeram esmorecer. Adeus metas! Você não conseguiu
realizar todos os propósitos traçados no início da pandemia.
Já estamos no fim de setembro e pergunte a si mesmo: quantas luas cheias
você admirou? Quantos pôr do sol você curtiu? Quantas vezes bateu papo até
madrugada com sua família, relembrando episódios antigos? Quantas vezes
você caprichou na mesa para o almoço ou jantar? Quantos livros você leu?
Quantas vezes você leu para uma criança? Quantas gentilezas você praticou?
Ah, são tantas perguntas que merecem ser feitas!
O tempo parecia não passar, mas passou. Agora ele voa, escapa de nossas
mãos. Isso nos angustia, nos deprime e nos tira as esperanças de dias
melhores por vir. Tantas atitudes novas para colocar em prática e agora você
mal consegue entregar seus relatórios de trabalho ou de estudo em dia.
Que tal recomeçarmos a organizar tudo de novo?! Ainda é possível o equilíbrio
entre o corpo e alma; entre o tempo e as metas. Vamos reiniciar o nosso
computador invisível, esse que fica escondido na alma, deixando-o pronto para
continuar vivendo e lutando pela vida. Ainda dá tempo!!!
Rute Santos
Vdd, sempre há tempo!
ResponderExcluirsim, tempo temos só precisamos organizá-lo
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