domingo, 27 de setembro de 2020

Tempo: o senhor de nossas vidas


Analisar a efemeridade do tempo e da vida parece algo clichê, pois todos sabem que "o tempo não para", como cantou Cazuza. Entretanto, uma reflexão crítica sobre o tempo nestes nossos dias tão conflituosos de pandemia e, paradoxalmente, tão ligeiros e lentos faz-se necessário constantemente. 

Talvez você já tenha se perguntado por que tem estado tão desanimado para fazer coisas tão simples, as quais sempre quis fazer e não fazia por falta de tempo. Agora você tem mais tempo, há meses trabalhando ou estudando de forma remota é possível organizar sua própria agenda, de forma que sobre mais tempo para dar atenção à família, ao amor de sua vida, às plantas, aos bichos de estimação; ler aqueles livros que você separou na estante; assistir àquela série indicada por um amigo; ligar para um parente ou amigo distante; escrever um texto, criar uma rima... Enfim, fazer o que você mais desejava, mas não fazia por falta do precioso tempo em seu lar. A rotina do dia a dia te impedia até de sentar-se à mesa para alimentar-se. Comia em pé, apressado, por medo de chegar atrasado.

Este é um momento histórico em nossas vidas: "temos todo tempo do mundo", como compôs Renato Russo. Todavia estamos sem ânimo; ao mesmo tempo em que temos esse tempo, nos falta vontade para tirar proveito dele. Nas primeiras semanas de pandemia você quis dormir o sono dos justos, ficou eufórico, fez planos para resolver pendências domésticas ou pessoais, porém os conflitos advindos dessa doença sem cura que interrompeu a vida de milhares de pessoas, do medo de contrair o vírus e do caos político que se instaurou no país te fizeram esmorecer. Adeus metas! Você não conseguiu realizar todos os propósitos traçados no início da pandemia. 

Já estamos no fim de setembro e pergunte a si mesmo: quantas luas cheias você admirou? Quantos pôr do sol você curtiu? Quantas vezes bateu papo até madrugada com sua família, relembrando episódios antigos? Quantas vezes você caprichou na mesa para o almoço ou jantar? Quantos livros você leu? Quantas vezes você leu para uma criança? Quantas gentilezas você praticou? Ah, são tantas perguntas que merecem ser feitas!

O tempo parecia não passar, mas passou. Agora ele voa, escapa de nossas mãos. Isso nos angustia, nos deprime e nos tira as esperanças de dias melhores por vir. Tantas atitudes novas para colocar em prática e agora você mal consegue entregar seus relatórios de trabalho ou de estudo em dia.

Que tal recomeçarmos a organizar tudo de novo?! Ainda é possível o equilíbrio entre o corpo e alma; entre o tempo e as metas. Vamos reiniciar o nosso computador invisível, esse que fica escondido na alma, deixando-o pronto para continuar vivendo e lutando pela vida. Ainda dá tempo!!! 


Rute Santos

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