quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O negacionismo evidente

De um lado professores, estudantes, historiadores, filósofos, pesquisadores, jornalistas, artistas, escritores e demais pessoas sensatas lutando contra o racismo, bem como, toda forma de preconceito e discriminação; de outro, pessoas inconscientes, inconsequentes, tolas ou perversas negando o inegável, compartilhando discursos alheios, repletos de estupidez e crueldade.

O negacionismo é evidente e desastroso. Nega-se a História, nega-se a Ciência, nega-se a atual conjuntura política do ódio, nega-se o passado e o presente, nega-se os dados estatísticos da violência sangrenta ou mortal das vítimas discriminadas, nega-se as suas próprias raízes, nega-se a si mesmo e ao povo brasileiro, nega-se os fatos e a Constituição Federal Brasileira!

 O que mais irão negar? Que somos todos humanos? Somos, ou não somos?

 Esse mar furioso de ataques ao que é justo, legal e digno revela-nos que ainda vivemos uma segregação. A ideologia do negacionismo confunde as pessoas que têm pouco conhecimento histórico e reafirma a má índole de muitas outras, as quais se sentem representadas pelo chefe da nossa Nação. Quando o negacionismo vem do maior representante do Estado, é fácil apropriar-se dele, covardemente, agarrando-se ao guru de ideias surreais e de atitudes agressivas.

Calar-se diante dessa propagação de negacionismos, também é negar. Entretanto, há quem prefira estar na praça “dando milho aos pombos”, sair da zona de conforto e ir à luta é uma iniciativa de uma minoria e por ser minoria, somos chamados de loucos, comunistas e “esquerdopatas”. Ah... Deixemos que falem o que quiserem. Preferimos a utopia dos bons, que a lucidez dos maus; o comunismo dos sábios, que a ignorância dos capitalistas. Vamos continuar militando, provocando a reflexão e repugnando aos hipócritas com seus atos de inversão dos fatos.

Querem silenciar-nos com afrontas, discórdias e injúrias, mas prosseguimos seguros, seguras... porque ancoramo-nos na verdade. “Negacionista, não é só quem nega a realidade! É também um sinônimo de fraqueza, por não suportar a realidade” A filosofia e a teologia ajudam-nos a compreender as cenas cotidianas que se resumem na negação do amor e na afirmação do ódio. Quem nega, não compreende; quem compreende, não nega!

O Brasil precisa de mais vozes que assumam o seu lugar de fala. Vozes que gritem e que ressoem em alto e bom tom: sou antirracista, sim! Nossas vozes precisam expressar nossos valores e nossas dores. Não basta ter apenas o sentimento de empatia e de solidariedade, é preciso pô-lo em prática na busca por igualdade e justiça social.

 

                                                   Rute Santos

 


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